Eu a pensar na minha fraqueza. Passos mais ou menos rápidos, a evitar o sol e com pressa de chegar a casa.
“Eu também já tive essa força, menina.” Olho para trás. Lábios bem vermelhos e um pozinho de arroz a querer esconder qualquer coisa. As rugas evidentes e o olhar de quem tem aquela ternura da idade.
“Agora as pernas pesam mais, a cabeça já não está muito boa…” tentei imaginar como seria eu, daqui a meia dúzia de décadas – não imagino.
“Mas vá lá, não a quero atrasar.” Deixei-me ficar. Disse que a acompanhava e que com calma chegaríamos mais à frente. Tentei inventar razões para que não se sentisse tão fraca. “Está calor e o caminho sobe…” não se deixou enganar. “É a idade… aos 70 – e eu já os passei – as pernas ficam mais fracas, tudo nos custa mais. Mas vá lá menina, se atrase.”
“Eu fico aqui, tenha um bom dia.” – despedi-me a pensar no que nos falta sempre. A uns a força, a outros a vontade. A mim faltou-me a coragem.
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