31 outubro, 2007

31 Outubro 2007

Acordei. Tentei adormecer de novo para me esquecer do que me faltava. Ia ficar para a noite, a última dessa festa que é para os que este ano deixaram para trás os lugares e as pessoas, atrás de crescer.
Programei o dia, que seria vazio, logo à partida. Eu, uma taça de cereais e a televisão. À noite, duas cervejas e um pão com chouriço. Pessoas, das verdadeiras? Poucas. Rapidamente mudei de planos. Acordei para o que sentia e fiz as malas, como fazem nos filmes: tentei adivinhar o que me faria falta, atirei a roupa para a cama e meti-a na mochila, desliguei a música e peguei nas chaves. Autocarro, corri para o comboio. Uma mão na bilheteira e um pé no comboio, na ânsia de voltar a casa. Sentei-me ainda com a mochila às costas.
À minha frente: olhos claros, cansados e vazios pestanejando a evitar o sono. As mãos, calejadas, faziam prever que a vida tem sido dura. Tentei adivinhar-lhe os pensamentos, a ele e aos que olhavam a paisagem que passava, rápida, mesmo ali ao lado. Olhares dispersos, ansiosos.
Tentava adivinhar os pensamentos de todos, fugindo assim dos meus.
Faltam-me os que me fazem sentir em casa, os que sempre estiveram cá. Faltam-me os meus, cada vez mais, sempre.

2 comentários:

  1. partilhamos sempre muito. aí está mais um daqueles sentimentos que assino por baixo.
    às vezes penso como seria esta nova vida, contigo, aqui. muito melhor decerteza... o tempo corre e ficas sempre mais perto. tu sabes.

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  2. virar costas e voltar a casa, ás vezes sabe mesmo bem.também já fiz isso,enfim!

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