antes de vir, imaginei-me com muitas saudades. imaginei que passaria alguns dias em baixo, até me imaginei a chorar, para tornar o sonho mais real, com saudades das pessoas que me habitam. mas não. vivi bem sem pensar muito nisso, sempre a fugir desse assunto - as saudades.
primeiro senti falta de coisas como café e castanhas assadas. até acho que me custou a admiti-lo, mas sentia mais falta de coisas do que de pessoas. escrevi imensas cartas e postais. recebi presentes inesperados, fotografias dos velhos tempos e cartas que me preencheram a parede e forraram o coração.
percebi algumas coisas: que gosto de diospiros, que dá para ver a perceber a forma dos flocos de neve sem lupa, que as pessoas de quem eu esperava pouco foram as que mais me deram, que é longe que se aprende a dar valor às coisas mais pequeninas, que tenho saudades da língua portuguesa e que já me faltam algumas palavras. aprendi muito mais, mas ainda não dei conta.
